quinta-feira, 17 de março de 2011

John Hersey, o revolucionário do jornalismo


Era 1945, ano de Segunda Guerra Mundial, e a população japonesa que habitava as províncias de Hiroshima e Nagasaki não esperava assistir àquele grande “clarão silencioso”.  De repente, o céu embranqueceu. De repente, a bomba atômica destruiu muitas estruturas de concreto e de vidas humanas.
John Hersey era um daqueles jornalistas de sua época incomodados com a linguagem objetiva que imperava nas redações. Como descrever os horrores bélicos com leads frios e estrutura tão objetiva? Diante do convite para cobrir a tragédia do pós-guerra, Hersey não se fez de rogado e mergulhou na rotina dos atingidos pelo reflexo nuclear.  
Hersey arriscou e trouxe à existência um jornalismo vigoroso e carregado de humanidade. O jornalista não sabia, mas a grande reportagem Hiroshima inaugurava uma nova forma de tratar a informação. Dali pra frente, ferramentas literárias da ficção andariam de mãos dadas com o estilo jornalístico, o que para ele, traduzia a melhor alternativa (a mais atraente) para lidar com o mundo real.
Hiroshima conta a luta dos personagens envolvidos na tragédia para voltar à normalidade depois da atrocidade. O jornalista se deteve nas particularidades das lutas e nos pequenos atos de sacrifício, que se tornaram essenciais para a sobrevivência dos japoneses. O livro é um antecedente crucial do Novo Jornalismo pela estrutura narrativa característica da ficção, nem mesmo as reações internas dos personagens escapavam das anotações de Hersey. A paisagem apocalíptica, desenhada na obra, conta com descrições precisas, monólogos internos e constantes mudanças de pontos de vista.
O “novo” de Hersey ganhou ares de revolução no jornalismo e a classificação de melhor reportagem do século XX pelo Departamento de Jornalismo da Universidade de Nova York, mesmo território que lançou as bombas contra o Japão.


Um comentário:

  1. Excelente!
    Será que Hiroshima está disponível para download? Vale dar o link, se existir.

    Vale para as duas Marinas: padronizem a fonte, que está diferente. E coloquem crédito nas fotos.

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