sexta-feira, 18 de março de 2011

A alma encantadora (João) do Rio

Imaginem vocês que bem antes do surgimento do Jornalismo Literário como terminação e estilo de um novo fazer jornalístico, proveniente do “New Journalism” popularizado nos Estados Unidos em meados dos anos 60, o Brasil já contava com seus representantes do gênero.  Um dos mais notáveis, Paulo Barreto (1881-1921), fez-se conhecido pelo pseudônimo João do Rio, “ A alma encantadora das ruas”, nome igual a uma de suas melhores obras. 


Jornalista entusiasmado, João do Rio prezava não só a informação, mas também a boa narrativa feita com vocabulário vasto e descrições minuciosas do ambiente e personagens de seus textos. Tais características, tipicamente pertencentes à esfera da literatura, deram tom à riqueza que pulsa dos escritos de João do Rio.

João se escorou nos ideais positivistas e progressistas para retratar a Cidade Maravilhosa tal como ela aparecia diante de seus olhos. Inspirado também por um certo dandismo à la Oscar Wilde, o forte de João do Rio era, sobretudo, descrever a elite que insurgia na antiga capital federal sem esquecer de mencionar – e frisar - os hábitos e aspectos morais que adormeciam sob as roupas pomposas dos elegantes.

Paulo Barreto passou por jornais como O Paiz, O Dia, Correio Mercantil, O Tagarela e O Coió, tendo se destacado principalmente na Gazeta de Notícias. Ele se destacou como um dos primeiros jornalistas famosos por retirar das ruas os melindres do cotidiano para espelhá-los em crônicas. Acabou-se a ‘tarimba’ de redação. Para João, não era em uma redação, enclausurado, que o escritor/jornalista conseguiria tecer um texto saboroso que retratasse o real.

Como diz o crítico Brito Broca: “a crônica deixava de se fazer entre quatro paredes de um gabinete tranquilo, para buscar diretamente na rua, na vida agitada da cidade, o seu interesse literário, jornalístico e humano.”


  • “Nada se teria feito na vida, se o homem não conseguisse medir o tempo, dividir o indivisível, andar para trás e para diante no que não tem começo, nem meio, nem fim. Contar o tempo é estimulante, a razão maior da vida. Não é só a certeza de ter caminhado e de ter passado, é a esperança de ir para diante. A divisão astronômica fez-se a fixação dessa aspiração, a matemática marcando palpitações e anhelos, temores e desejos. Vindo do incomensurável até o segundo – o homem teve a crença de que fez o seu Tempo e ficou com a única religião que não se desmorona: a religião da côrte do tempo, em todas as raças e em todos os calendários”.

Chronicas e frases de Godofredo de Alencar
João do Rio



“O jornalismo, especialmente no Brasil, é um fator bom ou mau para a arte literária?”, questionou João do Rio.


Embora não se autoproclamasse um jornalista literário, pois o termo nem mesmo existia, João do Rio parecia notar que tinha ímpeto para fazer um jornalismo, ao menos, diferente. Ele levantou um questionamento acerca da ligação entre o jornalismo e a literatura que ajuda a nortear estudos na área de comunicação em qualquer que seja a época, da contemporaneidade dele adiante.

5 comentários:

  1. Muito bom o texto. Excelente. Estive pensando em como adicionar conteúdos diferenciados em outras mídias. Seria possível?

    ResponderExcluir
  2. Ah, adorei as dicas de cantoras. Camille o que? Bat of lashes e uma terceira que sem querer fechei sem ver. Quem era? Me manda estes nomes e os outros por e-mail. Vou procurar pra ouvir. Juliette Lewis é demais também! http://www.google.com.br/images?um=1&hl=pt-br&biw=1659&bih=870&tbs=isch%3A1&sa=1&q=juliette+lewis&aq=f&aqi=g10&aql=&oq=

    e a banda dela é fantástica. Vi aqui no TIM Festival.

    ResponderExcluir
  3. Olá, Nicolau.Em que tipo de mídias pode-se adicionar conteúdos diferenciados? Para mim, em todas! Desde blogs, até revistas, paredes, que seja, o que vale é a criatividade na expressão.

    Claro que nos meios independentes a tarefa é razoavelmente mais fácil. Basta o conteúdo 'emplacar'e está feito. Já nas demais mídias, tudo depende da peneira mercadológica. Bléeeeeh :p

    ResponderExcluir
  4. ...quanto às musicalidades

    Acho a Juliette o máximo. Ela me lembra diretamente duas coisas:

    1. minha fase mais porra louca
    2. o filme Nascido para Matar, em que atua fantasticamente.

    As outras moças que tinha deixado de dica nas guiasdo teu computador bonitos foram:

    1. Diane Cluck, nariguda, poeta e linda de morrer.
    2. Camille, apenas Camille. Ela é (ou era, não sei)vocal da banda Nouvalle Vague. Outra nariguda dona de vozeirão e beleza. Ara, ela é francesa, o que mais se poderia esperar? Pacote completo.


    Para qual email envio a lista das minhas outras musas?

    ResponderExcluir
  5. Mande para centola.nicolau@gmail.com

    Tenho cds do Nouvelle Vague, adoro. Vou procurar mais da nariguda Diane.

    Quando disse outras mídias, estava me referindo a fotos, videos e links.

    bj

    ResponderExcluir